BAIXAS TEMPERATURAS E DESEMPREGO: EM UM MÊS, CENTRO POP RUA REGISTRA 900 ATENDIMENTOS

Espaço também sedia o projeto Caxias Acolhe, que oferece atendimento noturno às pessoas em situação de rua

A Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Fundação de Assistência Social (FAS), informa que, com a incidência de baixas temperaturas e desemprego crescente, além do encerramento das colheitas na região, o Centro Pop Rua registrou aumento no número de atendimentos nos últimos 30 dias. Neste período foram realizados 900 atendimentos. Das pessoas atendidas, 500 já são cadastradas na rede socioassistencial do Município; 40 foram encaminhadas aos serviços existentes. Outras procuraram apenas informações sobre os serviços públicos como alimentação, acolhimento, entre outros.

O Centro Pop Rua conta com uma equipe de quatro educadores sociais, uma assistente social, uma psicóloga, uma pedagoga, duas estagiárias de Serviço Social, um motorista, dois vigilantes, quatro serviçais e uma gerente (educadora social). A equipe divide-se no atendimento especializado que faz a recepção aos usuários e os encaminhamentos necessários e/ou solicitados para documentação em geral, para a rede socioassistencial, currículos, além de cuidados básicos como corte de cabelo, higiene e alimentação.

A equipe que realiza as abordagens sociais atende solicitações da comunidade em geral e órgãos diversos, além de acompanhamentos das situações atendidas. ?Efetivamente, temos na rua em torno de 100 pessoas, que são atendidas diuturnamente pelo Pop Rua, mais precisamente pela abordagem social e pelo serviço especializado que conta com assistência social e psicológica?, acrescenta a presidente da FAS, Marlês Andreazza.

As pessoas atendidas no espaço são encaminhadas para acolhimentos na Casa de Passagem Carlos Miguel dos Santos, Casa de Passagem São Francisco de Assis e Caxias Acolhe, além de Comunidades Terapêuticas. ?Para esses locais foram encaminhados 200 cidadão no último mês?, informa a presidente.

Marlês explica ainda que com todos os acolhidos nestas casas, desenvolve-se um plano de vida visando a autonomia do indivíduo, que é acompanhado por psicóloga e assistente social durante o acolhimento. “O trabalho inicia com a primeira etapa que é o acolhimento em si, vendo as necessidades da pessoa naquele momento. Numa segunda etapa, quando estão acolhidos, intensifica-se o plano individual para que o mesmo eleve sua auto estima, reate os vínculos familiares e comunitários e vislumbre sua autonomia. A terceira etapa do plano compreende o atendimento do indivíduo pós-acolhimento, ou seja, quando o usuário volta para a família ou se organiza por conta própria, sendo acompanhado por psicóloga e assistente social durante um período. Quando o usuário não tem família ou laços comunitários, trabalha-se a sua autonomia com intenso trabalho psicológico”, afirma.
O Centro Pop Rua funciona das 8h30min às 11h e das 13h30min às 17h, de segunda a sexta-feira. Pelo Caxias Acolhe o atendimento é até as 22h, após este horário a Guarda Municipal faz o encaminhamento às casas assistenciais.

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: O perfil das pessoas em situação de rua em Caxias do Sul compõe-se de usuários de substâncias psicoativas, alcoolistas, pessoas com distúrbios de ordem mental graves e leves, os quais têm grandes dificuldades de reintegrar-se à sociedade. A situação agrava-se devido ao desemprego e ao momento econômico adverso, aumentando o número de usuários de substâncias psicoativas e álcool, ocasionando desagregações familiares, fazendo com que estas pessoas passem à situação de rua. “Levando-se em conta que a nossa região sempre ofereceu oportunidades à mão-de-obra de fora da cidade nas colheitas, colheitas estas que foram encerradas e grande parte dessa mão-de-obra permaneceu na cidade desempregada e com necessidades”, conta Marlês.

Os usuários oriundos de instituições como abrigos são em torno de 15%, do sistema carcerário 20% e da FASE 10%. Os outros 55% são por motivos diversos. “Segundo nossos levantamentos, conseguimos uma vitória considerável de 10% dos atendidos pela nossa rede socioassistencial tem conseguido sair das ruas, levantamento do último ano. É um número por nós considerável, porque depende de inúmeros fatores para que uma pessoa deixe as ruas”, comemora a presidente da FAS.

Marlês Andreazza destaca ainda que o controle efetivado pelo Pop Rua é fundamental para que não aumente o número de moradores de rua. “Temos três casas de acolhimento com 100 vagas, uma abordagem social atendendo em torno de 10 solicitações diárias, com funcionamento durante toda a noite. A grande maioria não aceita abrigamento, o trabalho do Pop Rua tem sido tão minucioso que a equipe sabe o nome e a origem da grande maioria das pessoas em situação de rua de Caxias do Sul. A equipe tem a identificação e o controle de onde se localizam nossos moradores de rua”, garante, ressaltando que “além de insistir na tentativa de sensibilizar aqueles que não aceitam o acolhimento, a equipe identifica e estreita os vínculos com o serviço para que possa continuar sendo atendido, mesmo que continue na rua”.